Seminário internacional debate o desenvolvimento de Jundiaí
segunda-feira, 8 de agosto de 2011Uma imagem emblemática integrou a mostra fotográfica sobre a avenida 9 de Julho na Prefeitura de guia da cidade Jundiaí, encerrada na última sexta-feira. A foto tirada no início da década de 1970 mostra um caminho de terra batida que margeava o córrego do Mato. Poucas casas eram habitadas na região e praticamente não havia trânsito de veículos.
Hoje, o cenário é bem diferente. A 9 de Julho é uma das principais artérias do sistema viário urbano. O córrego está canalizado e os prédios de apartamentos fazem da região uma das maiores densidades populacionais de Jundiaí. Tudo isso foi planejado.
A abertura da avenida foi prevista no final dos anos 1950 e definda no primeiro plano diretor do município, em 1969. A construção dos edifícios, autorizada em uma das revisões da lei. Mas de lá para cá as mudanças ocorreram em ritmo acelerado. Hoje, o trânsito caótico é o principal indicativo de que o atual modelo de desenvolvimento está esgotado.
Proporcionalmente, Jundiaí já tem tantos carros quanto a capital paulista. Por aqui, a frota total de veículos é de 247 mil unidades, o que equivale a 1,5 habitante por carro. Em São Paulo, com 7 milhões de veículos, a média é de 1,6 habitante por veículo. Os números são do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
“Se a frota continuar crescendo no ritmo atual, de 8% ao ano, em pouco tempo não vai haver rua suficiente na cidade”, alerta o secretário municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Jaderson Spina. Os sinais de esgotamento são claros: nos horários de pico – início da manhã e fim de tarde – o motorista enfrenta lentidão nos principais corredores.
A solução, segundo Spina, é o investimento em transporte público de qualidade. Até o final de 2012, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) deve concluir um estudo que vai apontar qual modelo de transporte coletivo de massa deve ser adotado em Jundaí e região. “Se é sobre trilhos ou pneus, é o estudo que vai apontar”, afirma o secretário. Ele explica que a pesquisa é desenvolvida pela Ingerop, empresa europeia contratada pelo governo do Estado.
Soluções para o trânsito e transporte, entre outros temas, vão ser debatidos no seminário internacional “Planejando a Cidade do Futuro”, que a prefeitura promove a partir de amanhã. Ao final do evento, na terça-feira, será elaborado um documento que pode servir de base para a revisão do plano diretor, que deve ser votada pela Câmara de Jundiaí ainda neste ano.
O seminário traz dois especialistas em planejamento: o urbanista e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner, que na década de 1990 revolucionou o transporte na capital paranaenese, e o arquiteto português Nuno Portas, responsável pelos projetos de revitalização de Barcelona e Madri. A expansão imobiliária e a questão ambiental, com enfoque na Serra do Japi, também fazem parte do programa de debates. Nesse módulo, o palestrante é o jornalista Washington Novaes, especializado na sustentabilidade .
Serviço
O seminário começa segunda-feira (8), às 9h, na sede do Ciesp-Jundiaí. É exigida inscrição em www.planejamentourbano.jundiai.sp.gov.br, mas as vagas estão lotadas. Mais informações pelo telefone (11) 5632-3119.
‘Cidade do carro’ torna-se poluída e insegura
Quando se fala em meio ambiente, o automóvel é um dos principais vilões. Não bastasse a poluição atmosférica, gerada pela emissão de CO2, o excesso de veículos nas ruas também afeta a qualidade de vida. “Jundiaí corre o risco de transformar-se na cidade do carro”, define o arquiteto e urbanista Araken Martinho, um dos elaboradores do plano diretor na década de 1960. Formado na USP e professor da PUC-Campinas, Araken afirma que o plano diretor precisa ser revisado o quanto antes. “O polo logístico trouxe empresas para a cidade, mas também causou um crescimento populacional muito além daquilo que havíamos previsto na década de 60”, afirma.
“Junto com as empresas que se instalam na cidade vem um pessoal qualificado, geralmente com famílias que se mudam de São Paulo para cá. E, muitas vezes, trazem junto de três a quatro carros por moradia”, comenta.
Além do transporte coletivo de qualidade, Araken também defende a limitação de condomínios fechados. “É um modelo de moradia que cria uma cidade compartimentada, em que não se promove a cidadania”, critica. Para o urbanista, a decadência de bairros tradicionais, como a Vila Arens e Ponte São João, sinalizam essa tendência. “Perdeu-se a convivência, ninguém mais conhece o vizinho. Nesse modelo, deixa de ser a cidade do cidadão para ser tornar a cidade do consumidor”, define. E insegurança e injustiça social tornam-se problemas mais acirrados.
Mas se o condomínio é uma realidade difícil de ser modificada, melhor que seja aproveitado de maneira racional. Para Araken, a revisão o plano diretor deveria autorizar a construção de mais edifícios de apartamentos em bairros próximos ao Centro. “O adensamento populacional aproveita melhor os equipamentos urbanos já instalados – infraestrutura de água, luz e esgoto, por exemplo – e ao mesmo tempo limita a expansão da mancha urbana, tornando o transporte mais barato.”
Serra do Japi sofre pressão imobiliária
Jundiaí desenvolveu-se aos pés da Serra do Japi, um dos mais importantes remanescentes da Mata Atlântica no Estado. Tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico) desde 1983, a reserva florestal sofre ameaça de extinção com a pressão imobiliária. Por isso, uma das três leis que compõem o plano diretor é dedicada exclusivamente à proteção dessa reserva natural em Jundiaí, apesar de se estender a outros três municípios.
Atualmente, o acesso de visitantes à reserva biológica, que ocupa 7% do total, é feito apenas com autorização. A ordem é preservar. Mas até quando? No bairro Santa Clara, um loteamento teve as matrículas bloqueadas pela prefeitura. São cerca de 30 moradias no bairro Santa Clara, onde os proprietários estão impedidos de negociar os imóveis. E há outros casos anteriores ao tombamento.
Caso parte da Serra do Japi seja transformada em parque estadual, todos os imóveis terão de ser demolidos. Ou é possível manter o que já foi construído e explorar a região para atividades econômicas ligadas ao ecoturismo? Qualquer decisão depende de um estudo que foi encomendado ao Instituto Florestal pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente.
Segundo o secretário municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Jaderson Spina, esse estudo deve ser concluído em 2012. “Só então vamos poder definir que tipo de unidade de conservação a Serra do Japi vai comportar”. Até lá, a reserva natural continua protegida por lei, nem sempre respeitada.
Fonte: Rede Bom Dia
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