Moradores pedem fim de impasse territorial entre Jundiaí e Várzea Paulista
quinta-feira, 8 de setembro de 2011No dia em que a história é resgatada e os brasileiros celebram a independência do governo português, um grupo de pessoas do Núcleo Balsan sai às ruas do bairro em um manifesto que objetiva justamente o contrário: eles querem é dependência. Em outras palavras, pleiteiam que a Prefeitura da cidade Jundiaí assuma a responsabilidade por trecho do bairro que hoje, no aspecto territorial, faz parte da cidade vizinha, guia Várzea Paulista.
Ao todo, cerca de 850 famílias moram no Núcleo Balsan, atualmente, segundo estimativa do cabeleireiro Márcio Pentecostes de Sousa, 38 anos, representante da comunidade local. Mas pelo menos 350 delas sofrem com a falta de infraestrutura básica consequente do impasse administrativo que dura décadas.
“Não temos água da rua porque Jundiaí só fez o encanamento até certo ponto e Várzea não quer investir no bairro com a desculpa de que nem acesso direto nós temos para a cidade”, afirma o jardineiro aposentado Antônio Picoli, 68, morador há 18 anos em trecho varzino da avenida Carlos Ângelo Mation. Ele conta que só tem água em casa por causa da “camaradagem” do vizinho. “Uso água do poço dele. Mas aqui, nem todo mundo que tem água é legal assim, tem gente que não dá, não”, desabafa.
O asfalto – ou a falta dele – nas vias é outro indicativo de que se está pisando em território jundiaiense ou, então, varzino. Quem mora em Várzea Paulista não foi contemplado com esse tipo de infraestrutura. “A Prefeitura de Várzea deveria liberar esse pedaço para Jundiaí. É o que todo mundo aqui deseja”, enfatiza a dona de casa Cleusa Roberta Pinto, 62, moradora do bairro há 20 anos.
Se depender do prefeito de Várzea Paulista, Eduardo Pereira (PT), o sonho pode se tornar realidade. “Este é um assunto que precisa ser conversado, temos que ver juridicamente se é possível Jundiaí assumir o trecho”, explica, completando: “Até temos tentado dar assistência para aquela população, mas Várzea não tem condições. E, na verdade, o Balsan é um bairro de Jundiaí que cresceu e ultrapassou a fronteira entre as cidades, nem via de acesso direto para Várzea existe ali”.
Procurada por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Jundiaí não se manifestou a respeito do assunto. Em nota, informou apenas que a área pertencente ao município de Jundiaí está em processo de regularização fundiária por meio da Fumas (Fundação Municipal de Ação Social).
Serviços / De acordo com a população que mora em território varzino do Núcleo Balsan, todos os serviços básicos são oferecidos por Jundiaí – da entrega domiciliar de correspondências ao fornecimento de energia elétrica. “Não estamos pedindo muito. Só nos falta mesmo água e asfalto, interrompido exatamente na divisa de Jundiaí com Várzea”, diz o motorista José Galdino de Barros, 42. “Nossas crianças frequentam escola do Jardim Tamoio (jundiaiense), usamos postos de saúde de Jundiaí e até quando é para votar, votamos na cidade. O que custa a prefeitura assumir a responsabilidade por todo o bairro?”, indaga a dona de casa Luzia da Silva Albino, 37.
Grito dos Excluídos pede por independência e reflexão
Em um dia que é marcado por protestos em todo o país, um ato público está programado para o entorno do coreto da Catedral Nossa Senhora do Desterro, no Centro. O “Grito dos Excluídos”, pretende abordar a exclusão dos menos favorecidos, suas causas e soluções. A reflexão começa já durante celebração, às 16h, na Matriz, presidida pelo bispo dom Vicente Costa. Em seguida, os participantes seguem para o ato público.
Segundo a coordenadora da Cáritas Diocesana, Rosângela Moretti, que participa da organização do ato, o evento não é da Igreja Católica, mas da sociedade. “É uma linha de reflexão principalmente do modelo socioeconômico do país, onde o capital está nas mãos de poucos”.
Com o tema “Pela vida grita a terra. Por direitos todos nós!”, o ato é uma continuação da Campanha da Fraternidade, que este ano tratou do aquecimento global e em seguida terá continuidade por meio dos fóruns realizados pelas pastorais.
Para o coordenador da Pastoral da Fé e Política, Claudio do Nascimento, o ato luta por uma nova sociedade, que não se baseia no consumismo, que por sua vez traz consequências como o aquecimento global e a exclusão.
“Os excluídos são todos aqueles que necessitam de algo para viver melhor, mas que essas questões estão longe de seu alcance, como saúde, educação ou alimentação”. Cada pastoral abordará suas principais dificuldades, como a Pastoral da Pessoa com Deficiência, da Criança, entre outras.
Promovido pela primeira vez em Jundiaí, o “Grito dos Excluídos” pretende reunir representantes de pastorais de toda a Diocese, além das próprias pessoas que se sentem excluídas.
Apoio da igreja
A partir das 8h30, um grupo de moradores se concentrará na frente da igreja Nossa Senhora do Rosário, na avenida Carlos Ângelo Mation, para então percorrer o bairro em busca de assinaturas para serem entregues ao poder público. “Temos que lutar por soluções. Até mesmo a igreja está conosco nessa tarefa”, diz o motorista José Galdino de Barros. Segundo ele, será feito um levantamento de dados para descobrir o número exato de moradores do território varzino do núcleo.
Ilegal
“Quem tem água aqui na parte do bairro que pertence à Várzea é porque puxou um encanamento na ilegalidade mesmo”, reclama José Maria Oliveira, 41, morador do bairro há 12 anos. Segundo ele, a DAE (de Jundiaí) fornece água encanada apenas até determinado ponto. “O restante da população tem que se virar. Saneamento básico e água, são direitos previstos na Constituição”.
Entretanto, José Maria não desconsidera que muita coisa já mudou desde que ele mora no local. “Quando cheguei aqui, o esgoto corria a céu aberto. A Prefeitura de Jundiaí fez toda a instalação da rede ”, explica.
Área de risco
Por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida, estão em construção no Núcleo Balsan unidades habitacionais para atender aos moradores que viviam em áreas de risco nas instalações do antigo hospital psiquiátrico. A iniciativa faz parte do projeto da prefeitura de Jundiaí que visa acabar com as submoradias na cidade. Até o momento, 14 núcleos de submoradia foram erradicados.
Fonte: Rede Bom Dia
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