Jundiaí se torna polo de genética animal
quinta-feira, 17 de maio de 2012A experiência de quase dois anos de monitoramento da onça Anhanguera por um “radiocolar” reforçou na ONG Mata Ciliar a visão de que além da preservação do meio ambiente é preciso trabalhar na biotecnologia. Em resumo, como os felinos estão vivendo em áreas cada vez mais isoladas geograficamente a sua reprodução corre um risco equivalente ao casamento entre irmãos.
“Uma das comparações que são usadas nesse assunto é o melhoramento genético que há muito tempo já é usado em animais de produção como vacas, ovelhas ou galinhas. Esse conhecimento pode ser aplicado na conservação, evitando o empobrecimento genético”, explica Renata Cristina Meneses, 27 anos, da equipe liderada por Cristina Harumi Adania.
Esse é o motivo da inauguração da primeira fase do Centro Jaguaretê de Tecnologia Aplicada para Conservação da Biodiversidade. A entidade também aproveita o evento de hoje para pré-lançar o futuro Laboratório de Reprodução Animal com o nome do professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo), Renato Campanarut Barnabe, um dos mestres do tema no país .
Em 2006, a Mata Ciliar já havia sido pioneira na América Latina ao reproduzir uma espécie silvestre, a jaguatirica, pela técnica de transferência de embriões. O trabalho teve a parceria do Centro de Pesquisas de Espécies Ameaçadas de Cincinatti, nos Estados Unidos, e mostrou que o trabalho interessa a países onde a conservação genética é limitada a exemplares em cativeiro.
Ação na Paisagem
Se a manipulação dos genes pode manter a diversidade em espécies silvestres com grupos isolados, o meio ambiente para sua sobrevivência continua sendo essencial. No caso da onça, essa foi a grande lição para a região da Serra do Japi.
“O exame mostrou que esse macho estava sem comida no estômago quando foi atropelado, mas em grande forma física. Estava bem nutrido, pois suportam até uma semana sem ”, observa a veterinária Renata, lembrando que os felinos estão no topo da cadeia alimentar do ecossistema.
Conhecido por Anhanguera depois de atropelado na rodovia de mesmo nome em setembro de 2009, o animal foi recuperado para a vida silvestre e depois solto, morrendo em abril deste ano depois de um outro atropelamento.
“Minha impressão é que a onça pintada está extinta nessas regiões mais habitadas, mas a onça=parda é menos agressiva e ainda está presente”, diz Renata, em tese reforçada por recentes ações de socorro da ONG em Franco da Rocha e Extrema. Além do tamanho das áreas verdes, a conexão entre elas permite que os animais silvestres possam circular e encontrar comida e reprodução.
Desafios
Surgida na cidade de Pedreira (SP) com foco na recuperação vegetal, a entidade tem hoje dois centros de reabilitação de animais silvestres em Jundiaí e em Bragança Paulista. Neles são atendidos desde tartarugas até aves como águias ou carcarás, além de macacos saguis ou sauás atingidos por fiações da rede elétrica.
Mas aos poucos a entidade tornou-se uma referência no setor de felinos, presente no debate global sobre a conservação na natureza ou fora dela. E outros parceiros surgiram, como Petrobrás, Tetra Pak, CCR AutoBAn, Vetnil e órgãos públicos como a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a Prefeitura de Jundiaí e até políticos de governo ou oposição. Entre os avanços, uma ambulância de resgate de animais.
“Mas no cotidiano ainda contamos muito com as doações de pessoas ou até a venda de produtos na lojinha”, diz Renata. Para a entidade, que começou com esse tipo de financiamento, é lembrar as próprias origens.
Fonte: Rede Bom Dia
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