Jundiaí: Obras aceleram risco de urbanização sem controle
segunda-feira, 7 de novembro de 2011Nem rural, tampouco urbano. O bairro do Corrupira atravessa uma crise de identidade. Sítios produtores de uva cedem lugar aos loteamentos – alguns irregulares. Ao mesmo tempo obras públicas, que melhoraram a qualidade de vida, favorecem o avanço da cidade.
Acima de tudo, essa é uma região guia de Jundiaí que deve ter recursos naturais preservados. Nesse pedaço de zona rural estão as nascentes da bacia do rio Capivari, manancial que abastece Louveira e até bairros da região oeste de Campinas.
Em meio a esse conflito de interesses estão os moradores do bairro, que tem rua asfaltada mas não ainda sem rede de esgoto. Os dejetos domésticos são despejados em fossas e o acesso à margem da rodovia Geraldo Dias passa por baixo de um pontilhão da linha férrea. A passagem estreita não permite a entrada dos ônibus.
Além do percurso de quase 4 km, boa parte na subida, a ajudante geral Mariete Fernandes, 23 anos, funcionária de uma indústria eletrônica, enfrenta o medo o medo da violência na escuridão da madrugada. Ela pega o fretado às 5h. “Também tem o risco de ser atropelado”, completa o namorado Arlindo de Oliveira, 24, também usuário do ônibus.
Sol não ajuda
À luz do dia, a insegurança no trânsito aumenta. Motoristas abusam da velocidade no acesso ao bairro e a inexistência de calçadas faz os pedestres dividirem com os veículos a avenida Nicola Accieri, que mais parece estrada.
“Durante os fins de semana não tem jeito de andar aqui, forma uma fila de carros”, conta a diarista Márcia Letícia Menegossi, 41, sobre o tráfego intenso em direção ao Parque do Corrupira aos domingos.
Ela mora no bairro há 17 anos e se diz cansada de ouvir promessas. “Há muito tempo falam que vão fazer uma rotatória, ligar as casas à rede de esgoto, mas nada acontece”, diz.
Obras
Mas o que parece promessa vazia aos poucos ganha forma. A região vai ter duas miniestações de tratamento de esgoto em 2012. A estação do São José, ao lado do campo de futebol, já está pronta mas em fase de testes. A unidade do bairro dos Fernandes, que começou a ser construída em setembro de 2010, tem prazo de entrega previsto para fevereiro.
O investimento é de R$ 2 milhões. A DAE informou que as obras integram o Programa de Proteção do Rio Capivari.
Mas não há prazo para que todas as casas da região estejam ligadas à rede coletora de esgoto. As ligações, segundo a DAE, dependem de modificações internas nas residências, que devem ser custeadas pelos próprios moradores.
Já a prometida rotatória, que substituiria a passagem estreita sob a linha férrea, também não tem prazo para ser executada.
Segundo o secretário Sinésio Scarabello Filho, de Obras, o projeto faz parte do Programa de Desenvolvimento Urbano, com verbas do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), mas ainda não há prazo para que a obra seja licitada – o empréstimo total, de US$ 50 milhões para vários projetos, deve ser liberado no segundo trimestre do ano que vem.
“Depende da aprovação do projeto executivo, que ainda não foi feito”, afirma. O custo estimado essa obra viária é de R$ 4 milhões.
Com problemas cada vez mais urbanos, as melhorias no Corrupira seguem no ritmo da vida rural.
Estrada que leva a condomínio é asfaltada
Denominada como avenida Santa Elisa, uma estrada rural que leva a um condomínio na região foi asfaltada recentemente. Segundo a prefeitura, a obra foi executada porque o trecho faz parte do itinerário do transporte urbano. O ônibus da linha Fernandes passa por ali.
1,5 km
De extensão tem a avenida Santa Elisa
Urbanista critica falta de plano específico
O arquiteto e urbanista Araken Martinho critica a falta de um plano diretor específico para a área rural. “Do jeito que está, Jundiaí só vai ter condomínios”.
Fonte: Rede Bom Dia