Setor tecnológico de Jundiaí sofre com falta de mão de obra
segunda-feira, 18 de abril de 2011Em média 7,5 mil pessoas trabalham hoje nas cinco empresas (Itautec, Foxconn, AOC, Compal e Arima) que integram o segmento industrial de eletroeletrônicos em Jundiaí de acordo com estimativa de Eliseu Silva Costa, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí e Região.
O número é não somente expressivo como responsável pela falta de mão de obra qualificada para o setor na cidade.
“Hoje falta mão de obra, sim. As empresas que precisam contratar profissionais com experiência têm que procurar razoavelmente bem”, afirma Ari Castro Nunes Filho, secretário de Desenvolvimento Econômico.
Segundo ele, foi nos últimos sete anos que o município recebeu uma série de indústrias de tecnologia de grande porte. “Não que estivéssemos despreparados, mas essas empresas consumiram o que a gente tinha disponível”, enfatiza.
Neste contexto, se uma linha de montagem da Apple for instalada na montadora Foxconn -como divulgado com exclusividade pelo BOM DIA na edição de 18 de março – algumas medidas terão de ser tomadas imediatamente.
“Estamos em negociação com o Centro Paula Souza, que já declinou que disponibiliza professores para dar aulas à noite na cidade”, diz o secretário, explicando que a ideia é promover cursos de capacitação em escolas municipais de diferentes bairros. “Se a Apple vier, vamos ter que acelerar esse processo.”
Estratégia /Uma pesquisa detalhada para avaliar os impactos da instalação de uma linha de montagem da Apple em Jundiaí é a necessidade apontada por Mauritius Reisky, presidente do Conselho Municipal de Relações Internacionais e presidente eleito do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
“No retrato que temos hoje de Jundiaí, acredito que haverá um fluxo migratório muito grande de profissionais de outros municípios”, destaca, lembrando que essa já é uma realidade no setor de tecnologia. “Sei de um caso de um profissional que é de Itajubá, em Minas Gerais, e trabalha aqui.”
Na prática /O fluxo migratório comentado por Mauritius Reisky é comprovado por Eduardo Brunono, diretor geral da unidade da AOC em Jundiaí, empresa que conta com cerca de 700 colaboradores. Segundo ele, a maior parte dos gestores e técnicos especializados da empresa viaja diariamente de São Paulo e Campinas para o município. Os jundiaienses e moradores da região têm vez, na maioria dos casos, na linha operacional.
“A região consegue nos fornecer o que precisamos quando o perfil é de pessoas em processo de formação. Jovens na faixa dos 25 anos que a gente contrata e treina internamente”, explica. O problema é mesmo a contratação de profissionais mais qualificados. “Quando entra na parte de engenharia de produção, produtos e processos e também quando se trata de lidar com máquinas de inserção automática de componentes, a realidade é bem mais complicada.”
Além da dificuldade de encontrar profissionais qualificados, outro ponto é levantado por Brunono: “Quando encontramos o profissional, normalmente a questão salarial é mais um empecilho porque o mercado hoje está inflacionado. Essas pessoas estão com o salário já no topo da tabela de mercado”, explica.
Para o gerente da AOC, a chegada da Apple é uma boa notícia, pois vai melhorar o nível da qualificação profissional na cidade. “Jundiaí está virando um pólo de tecnologia e as escolas precisam se preparar para isso.”
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Mil postos de trabalho é o que devem ser gerados em dois anos pela Foxconn, de acordo com a secretaria de Desenvolvimento Econômico, caso a montadora comece a operar uma linha de produtos da Apple.
Cenário promissor
“Há pelo menos três ou quatro anos a demanda está maior do que a capacidade do mercado suprir isso”, avalia Eduardo Pellegrina, diretor de Recursos Humanos da Itautec, que atualmente emprega cerca de duas mil pessoas na unidade de Jundiaí.
A estratégia adotada pela empresa para lidar com essa realidade é investir na qualificação dos colaboradores. “Temos uma série de programas internos para desenvolver habilidades daqueles que estão começando e ainda prezamos por dar oportunidades para nossos funcionários crescerem dentro da empresa”, explica.
De acordo com Pellegrina, até mesmo a linha operacional exige mão de obra qualificada. “Hoje qualquer empresa tem tudo automatizado e as pessoas têm que ter conhecimento.”
Cursos de nível superior também são opções
Tecnologia em redes de computadores, análise de sistemas, ciências da computação, engenharia da computação e engenharia elétrica são opções de cursos na faculdade Anhanguera Educacional.
“A área de tecnologia está em alta, mas a tendência é que falte profissionais qualificados nos próximos anos porque o ritmo de crescimento do país está acelerado”, comenta Eberval Castro, coordenador do curso de Tecnologia em Rede de Computadores.
Segundo ele, as empresas hoje têm dificuldade na contratação de profissionais especializados. “É uma área que está muito valorizada. O salário de um diretor de TI hoje gira em torno de R$ 18 mil a R$ 24 mil”, aponta.
Em sala de aula, expectativa de futuro promissor
“O mercado está muito bom, com várias oportunidades de emprego principalmente no eixo São Paulo/Campinas, pelo qual Jundiaí é beneficiado”, comenta Clayton da Rosa Lambert, 18 anos – aluno do 1º semestre de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Jundiaí -, justificando sua opção pelo curso.
E o jovem Clayton não é o único a sonhar com uma trajetória profissional bem sucedida neste segmento. De acordo com Antonio César Galhardi, diretor da Fatec, a procura aumentou bastante nos últimos anos.
“Formamos cerca de 80 profissionais por semestre na área de Tecnologia da Informação”, revela. E outro número ainda mais significativo é apresentado por Galhardi: “Em 2010, 70 mil postos de trabalho não foram ocupados em todo o Estado de São Paulo por falta de mão de obra qualificada na área de tecnologia. Para este ano, a previsão é de que o número dobre”, diz, mensurando o quanto o mercado está aquecido.
Na Fatec, os cursos são tecnólogos com duração de três anos. O modelo é europeu e foi desenvolvido exatamente para atender ao dinamismo do mercado nos dias de hoje segundo o diretor da instituição. “A proposta é ter cursos rápidos para atender esses movimentos locais e regionais.”
Neste contexto, tecnologia em hardware é outro curso que em breve deve ser oferecido pela Fatec na cidade. “Iria atender bem o nosso segmento industrial”, diz Galhardi.
Profissionalizantes /No Senai, os cursos são profissionalizantes e as opções são eletrônica analógica, digital e de potência, voltados para jovens com mais de 16 anos e que já tenham conhecimento na área elétrica. Outra possibilidade é o CAI (Curso de Aprendizagem Industrial), que tem duração de dois anos e é gratuito.
“Estamos mudando o programa para que atenda também ao segmento de eletroeletrônicos”, explica Luis Antonio Thiegue, coordenador técnico do Senai. A justificativa é a demanda por profissionais qualificados neste nicho específico.
Fonte: Rede Bom Dia
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