Jundiaí marcha e reza contra a discriminação
sexta-feira, 23 de novembro de 2012Com bandeiras nas mãos, ao som de músicas afro e com muita alegria, cerca de mil pessoas participaram ontem da 1ª Marcha da Consciência Negra de Jundiaí, no Centro. As pessoas que estavam passeando e aproveitando o feriado para fazer compras juntaram-se, transformando o movimento em uma grande festa.
“O som está muito animado e sou totalmente a favor da luta contra o racismo”, declarou a estudante Gabriela Santana Hildenberg, 19 anos, que aproveitou o dia de ontem para comprar enfeites de Natal.
A funcionária pública Sabrina Vetrenka, que foi com o filho para prestigiar a marcha, é integrante de um templo umbandista e acredita que a marcha serve de sinal de alerta. “É importante para a sociedade em geral e principalmente para as crianças aprenderem a serem contra a intolerância e contra o preconceito”, diz Sabrina.
Acompanhada pela mãe Iranildes Graça Cardeira, a assistente administrativa Luciana Cardeira Lindolfo levantou a bandeira contra o racismo que era distribuída no evento. “É importante divulgar a cultura e a religião da raça negra. E mais do que isso é acabar com o racismo que de forma velada ainda existe na nossa sociedade.”
Evento múltiplo /Para um dos organizadores do evento, Reginaldo Manoel Costa, a marcha é um marco para a cidade. “Há sete anos estudamos a ideia de trazer a marcha para Jundiaí. Analisamos como funcionava em outras cidades até que neste ano conseguimos idealizar esse fato histórico.”
Segundo ele, o evento levanta a bandeira contra o racismo, o machismo e todas as outras formas de preconceito. “É uma forma de abrir espaço para nossa raça e cobrar as reparações históricas, além de reforça nossa luta pelo cumprimento da lei 10.639 que obriga o ensino da história da África nas escolas”, aponta.
Feliz com a presença de muita gente, ele afirmou que o mais prazeroso foi a receptividade da população. “Muitas pessoas que não fazem parte de movimentos afros ou sociais aderiram à marcha e participaram, isso é ótimo”, diz.
Além da luta pela raça negra, grupos como os ligados ao MST (Movimento dos Sem Terra), associações como a dos professores (Apeoesp e Simpro), dos aposentados, além de sindicatos como o dos Metalúrgicos e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) estavam representados, assim como Grupo Zama, Clube 28 de Setembro, Conselho da Comunidade Negra, Escola de Samba União da Vila Rio Branco, Associação de Moradores da Serra e muitos outros.
Até o Comércio / Apesar do feriado, várias lojas abriram as portas e vendedores e comerciantes puderam aproveitar o evento durante a manhã. Durante a passagem da marcha as lojas pararam as vendas para que os funcionários interagissem com os manifestantes e muitos aceitaram as bandeiras distribuídas ou dançaram ao som de tambores.
“Tudo é válido quando não há ofensa. O Centro é democrático e apoia qualquer evento que seja realizado”, explica o gerente Carlos Augusto de Saldi.
Outra que gostou do movimento foi a vendedora Alcione Gouveia. “Acho importante que Jundiaí ganhe uma luta pela igualdade de raças como esta. É a primeira marcha de muitas que vamos ver na cidade”, disse, empolgada com a música.
A amiga dela, Cláudia Gomes de Moraes, também entrou na marcha. “Acabei de pedir ao meu gerente e ele liberou. Sou totalmente a favor da luta contra o racismo porque já sofri isso na pele. É importante que a cidade mostre uma reação e se torne grande diante de tanta discriminação social e racial que ainda vivemos hoje em dia”, resume.
Até mesmo os lojistas que têm sistema de som alertavam os clientes sobre o movimento. “Só soube porque ouvi no som da loja e vim correndo para acompanhar”, afirmou a estoquista Patrícia Ferreira, revelando a surpresa do feriado.
Fonte: Rede Bom Dia