4ª marcha para passar dos 80 em Jundiaí
quinta-feira, 22 de setembro de 2011O aumento da expectativa de vida no Brasil levou ao surgimento da quarta idade, faixa etária formada pelas pessoas com mais de 80 anos. Em guia da cidade Jundiaí, esse grupo somou no Censo de 2010 o respeitável número de 7.350 jundiaienses com uma vida inteira para contar.
“Antigamente a expectativa de vida era em torno dos 50 anos. Hoje é comum mesmo encontrar pessoas com 80 ou 90 anos”, afirma o sapateiro Feliciano de Oliveira, da região da Agapeama.
Ele próprio, aos 85 anos, é um representante desse grupo. Maratonista, ficou entre os dez primeiros colocados em sua categoria em locais como Blumenau, São Paulo e Rio de Janeiro e há 20 anos corria mais de 30 km até a cachoeira de Morangaba, na Serra do Japi, pouco perto dos 42 km da maratona. Há alguns meses, caiu do telhado depois de limpar a caixa d’água e tem treinado com bicicleta.
“Eu apoio essa movimentação que tem havido de jovens e veteranos por mais ciclovias na cidade. Acho que muita gente iria voltar a andar de bicicleta se houvesse mais segurança, como acontece na Europa, com mais saúde e menos poluição”, diz o atleta que doou 32 troféus e 132 medalhas para a Casa do Pequeno Trabalhador, no Ivoturucaia, para estimular novos atletas.
Crescimento
De acordo com os dados do Censo 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Jundiaí estava com 7.350 pessoas acima dos 80 anos no ano passado, um segmento de 2% da população. Outras 42.037 (11,3%) estavam na faixa entre 60 e 79 anos. No total são praticamente 50 mil pessoas acima dos 60 anos na cidade.
As mulheres ainda vivem mais, com 4.803 acima dos 80 e 23.383 na faixa acima dos 60 anos.
“As mulheres preocupam-se mais com a saúde e a aparência que os homens, mas isso está mudando também”, diz José Eduardo Martinelli, que neste ano implantou o curso de especialização em geriatria e gerontologia na FMJ (Faculdade de Medicina de Jundiaí), além do curso de cuidador familiar e da 15ª edição do curso de saúde para a terceira idade, voltado para leigos.
Com a redução das taxas médias de fecundidade e o prolongamento da expectativa de vida, o envelhecimento da população é um processo essencial nas próximas décadas. “Os cuidados devem começar por volta dos 45 anos nos homens e aos 40 anos nas mulheres”, diz Martinelli.
Arte passa gerações
O bombardino de Benedito Siqueira Bueno, 82, mostra a presença da música em sua vida . Ele é um dos fundadores da Banda São João Batista e viveu tempos das bandas Paulista, Universal e União Brasileira. Com outro dos fundadores, o alfaiate João Rodrigues de Deus, e colegas junta-se no ensaio de hoje a adolescentes para ensinar e aprender novos ritmos. “Antes era só dobrado e marcha, agora é tudo”.
Agenda lotada é reservada ao lazer
Narciso Ferigato, 80 anos, divide seus dias entre bocha e dança. Jogador há 35 anos, ele frequenta o grupo de bocha da Jovem Banda praticamente todos os dias. Nas quintas e domingos tira a tarde para bailar nos clubes Juventus ou Veteranos.
As atividades diárias garantem o entretenimento de seus dias. “Tenho 80 anos mas não paro. Todo dia faço alguma coisa”, diz lembrando de quem não se ocupa.
Ele acha que estar ativo é sinônimo da vida – e também bom para fazer amizades. Indo treinar bocha ele acaba lendo o jornal e papeando com colegas de esporte. Mas o gosto não é de agora. Ferroviário aposentado, foi diretor do clube Nacional por 32 anos, até 2006.
Para ele, não parar de agitar é a receita para chegar aos 80 anos ‘inteirão’.
Para esquecer a saudade
Já a dona Maria Rosa de Carvalho, 84, tem até mesa cativa no Clube 28 de Setembro. Seu lazer é dançar todas as quartas-feiras. Além de se divertir, consegue deixar de lado a saudade do segundo marido, falecido há 5 anos. “Ele que me trouxe para cá quando casamos. Continuei vindo mesmo depois que ele faleceu”, conta.
Para ela, dançar é uma forma de deixar todos os males e tristezas para trás. Faltar só mesmo quando está doente. “Venho até debaixo de chuva, não ligo”. Mas avisa que ter parceiro de dança fixo não é sua praia. E aí, vai uma valsinha?
Evento abre hoje
O congresso técnico que começa hoje às 8h30 no Ciesp Jundiaí, aberto aos interessados tem temas como o Plano Diretor às 11h com os arquitetos Antonio Panizza, Liane Makowski e Eduardo Carlos Pereira (Conselho do Patrimônio), o desafio do envelhecimento às 14h com a secretária da saúde Tânia Pupo e os empresários Vandermir Franciscone Júnior e Maria Aparecida Carlos. E ainda o desenvolvimento urbano às 16h, com o secretário Jaderson Spina, o advogado Márcio Cozatti e o ambientalista Fábio Storari. O congresso segue amanhã.
Atividade mostra mudança da área
A lista de espera no curso de informática no Celmi (Centro de Lazer da Melhor Idade), mantido no Complexo Fepasa, é um sintoma das novas expectativas da 3ª ou 4ª Idade. “Ninguém quer se sentir excluído e alguns até já estão em fases avançadas de fotoshop”, conta a secretária Satiê Okuma Tuassek.
Outros cursos seguem cheios, como os de neurolinguística e ioga até as histórias da cultura ou oficinas de memória. Uma novidade, designer de joias, surgiu para que avós possam pensar no presente de formatura dos netos.
No Clube Veteranos, no Anhangabaú, acontece amanhã à noite a eleição de Miss e Mister da Terceira Idade, promovida pela Secretaria de Esportes dentro das olimpíadas do setor.
Também o Criju (Centro de Referência do Idoso de JundiaÍ), mantida pela Semads (Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social) no Complexo Argos, tem pelo menos 450 pessoas em 10 tipos de atividades como teatro, coral e bailes nas tardes de sábado.
“Os próprios filhos estimulam os pais quando percebem que estão ficando isolados. E novas amizades surgem”, destaca Vera Herculano, uma das três assistentes sociais que atuam no atendimento de casos para a Promotoria do Idoso, que cuida de abandono ou maus tratos.
O centro é parte da rede de proteção ao idoso em Jundiaí, que conta ainda com o Condomínio dos Idosos (na Fazenda Grande), a Creche dos Idosos (na Vila Hortolândia) e tem ainda uma parceria de hidroginástica com a Esef (Escola Superior de Educação Física). Também motoristas com mais de 60 anos contam com cartões para estacionamento, no Poupatempo, ou para uso gratuito dos ônibus da cidade. E academias particulares ou centros esportivos públicos registram crescente presença da categoria em
suas práticas.
Fonte: Rede Bom Dia
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